“Educar para compreender e agir” (Fernando Hernández)

Abordagens projetuais

Aprender por projetos significa estabelecer uma nova relação com o conhecimento e consigo mesmo. As crianças não dependem de um professor ou uma professora que os digam o que é a verdade, o que deve ou não ser feito; o objeto de estudos está no centro do processo de aprendizagem desde o momento em que é identificado pelas crianças e começa a ser trabalhado com a mediação do educador ou da educadora. Os procedimentos científicos são adotados como instrumentos que viabilizam a construção e a reconstrução dos conhecimentos. O maravilhamento é o ponto de partida, a escuta ativa é o principal recurso de compreensão, as múltiplas linguagens são igualmente envolvidas nos processos e os resultados das investigações são revertidos para a comunidade a fim de que se verifique a aplicabilidade do que aprendeu.

Desenvolvimento socioemocional

Assim como habilidades motoras, cognitivas, intelectuais, as habilidades socioemocionais também podem ser desenvolvidas ao longo da vida. O intuito do trabalho com as competências socioemocionais é que os indivíduos da comunidade tenham seus afetos acolhidos e respeitados e também ampliem recursos emocionais que os permitam agir de maneira respeitosa, segura e confortável nos espaços que ocupa. A psicóloga, de posse das informações que compõem o histórico de vida da criança, orienta as educadoras a fim de que as subjetividades sejam respeitadas e, ao mesmo tempo, não limitem as maneiras de agir e sentir do sujeito.

Propostas integradas ao currículo

As artes como instrumentos de comunicação, interpretação e intervenção no mundo

A música, a pintura, a escultura, a dança, o desenho, a literatura são algumas das maneiras pelas quais as crianças comunicam o que pensam, o que sentem e o que compreendem do mundo. Por serem interesses constituintes da infância, essas e outras manifestações artísticas são potentes aliadas no desenvolvimento e no processo de aprendizagem. O trabalho com as artes tem a função de estimular, despertar a curiosidade e levar à busca de respostas. Ele favorece o surgimento de novos conceitos, oferecendo visões poéticas e não conformistas, além de interpretações não convencionais da realidade.

Conforme Vecchi (2017*): “Não queremos colocá-los [os jovens e as crianças] em uma posição culturalmente marginal em relação a eventos artísticos complexos, que emergem de culturas sofisticadas, de contextos distantes. É importante não absorver apenas a parte formal das obras de arte, mas trabalhar com ideias e concentrar nossa atenção nos conceitos que geraram a obra de arte.”

*VECCHI, Vea. Arte e Criatividade em Reggio Emilia. São Paulo: Phorte, 2017

A atelierista - profissional da sensibilização e da criticidade

O papel do atelierista na escola da infância tem como argumentos a sensibilização, a desautomatização, o despertar da criatividade. Para isso, esse profissional, íntimo das manifestações artísticas, seus conceitos e suas técnicas, articula o trabalho de pesquisa e investigação com as linguagens das artes, com o intuito de desenvolver o senso estético, a consciência crítica, a capacidade de percepção, reflexão e imaginação. Os trabalhos são feitos em pequenos grupos, ao longo da rotina, e o exercício da escuta ativa se faz presente a todo momento, enriquecendo os projetos do grupo, conectando as aprendizagens e as áreas do conhecimento em trabalhos que evidenciam as aprendizagens de maneira sensível e sensibilizadora.

A arte como recurso terapêutico

A arteterapia, prática conduzida pela psicóloga, é mais uma proposta que enriquece as aprendizagens na medida em que promove o autoconhecimento, a elaboração de eventos e emoções vivenciados pelas crianças, na escola ou em outros ambientes.

A Língua Inglesa e a ampliação dos horizontes

Dominar uma nova língua permite ao sujeito conhecer também novas culturas, ampliar seu conhecimento de mundo e seu senso crítico. As propostas para aquisição da Língua Inglesa como língua estrangeira estão atreladas aos projetos de pesquisa dos grupos e a situações comunicativas reais, visam à proficiência na língua para comunicação no cotidiano e são conduzidas com materiais e interações que vão ao encontro das demandas e dos interesses das crianças.

Práticas esportivas e natação para o fortalecimento do corpo e o equilíbrio da mente

As práticas esportivas, que incluem jogos, exercícios funcionais e natação,são promovidas na rotina das crianças para que haja o despertar da consciência corporal e do gosto pelo movimento. Conhecer os limites do corpo, desafiar-se, adaptar-se ao meio líquido, além de trazer segurança para a criança durante suas explorações, possibilitam que ela utilize essas estratégias para equilibrar a mente.

Educação nutricional como parte do desenvolvimento integral da criança

A alimentação das crianças é um aspecto fundamental de seu desenvolvimento, além de ser parte integrante da sua jornada na escola e, portanto,do seu currículo. Boas práticas alimentares, como preparar uma refeição, cultivar e colher os alimentos, garantem que as crianças participem dos momentos das refeições de forma consciente e ativa, estabeleçam boa relação com a comida e compreendam a importância de saber o que estão comendo, de sentir as texturas, os aromas e as cores do que vai abastecer seu corpo, compondo, então, uma cultura alimentar. As atividades de culinária, além de serem parte de muitos projetos de pesquisa, também são inseridas na rotina sempre que se apresentam as oportunidades de experimentar novos alimentos ou superar questões que envolvem a alimentação.

A natureza como espaço de brincar, interagir e aprenderA brincadeira é parte intrínseca da natureza da criança; a natureza se apresenta como fonte infinita de brincar. Estreitar os laços entre as crianças e a natureza significa também estreitar os vínculos com o planeta e nutrir o interesse das crianças pelo mundo. A terra, as flores, as árvores, os frutos devem ser percebidos como instrumentos de sensibilização e de potencialização das curiosidades e dos descobrimentos. As crianças dispõem de tempo para desfrutar do nosso quintal e brincar, seja a partir de propostas dirigidas ou de brincadeiras livres.A formação de professores e o aprimoramento constante das práticas pedagógicasProfessores formados com qualidade e constância garantem processos de aprendizagem mais conscientes e mais sofisticados. As teorias que fundamentam nossas práticas pedagógicas devem servir de ponto de partida para a análise e a documentação dos processos individuais de cada criança, viabilizando, então, a construção de outras teorias e aprendizagens dos próprios educadores que venham a favorecer as das crianças. Nossos educadores têm horas diárias na rotina para estudo individual e elaborações coletivas, com o intuito de desenvolver ferramentas que revelem os tempos, os estilos e as estratégias de aprendizagem das crianças, além de confeccionar planejamentos que potencializem o progresso dos indivíduos e dos grupos componentes da comunidade.